segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A autenticidade da reflexão filosófica

Partindo do pressuposto que a teoria numa acepção clássica grega é um conhecimento especulativo, abstrato, puro que se afasta do mundo da experiência concreta, sensível, sem preocupação prática, acredito que a perspectiva teórico-filosófica daqueles que a possui, deve ser sublimada. Pois devemos partir do princípio de que o saber teórico deve ser um saber puro, desinteressado, sem a preocupação de uma aplicação prática ou imediata.
Acreditamos que há os dois fatores, no trabalho filosófico, e que eles não se excluem, em nosso trabalho de filósofos ou aprendizes de filósofos. Desta forma, temos que o fator ético do componente subjetivo é de suma importância para o desenvolvimento filosófico, e podemos dizer junto com o autor que, “da posse de um equipamento, que inclui elementos intelectuais, emocionais e éticos, que é parte de um discurso do método para bem conduzir o intelecto e procurar, se não a verdade na Filosofia, pelo menos evitar o erro nela”.
Na visão de William James, podemos observar um pragmatismo que contribui para a exclusão de certas visões filosóficas, tornando sua teoria demasiadamente pessoal e subjetiva. Se devermos considerar o caráter subjetivo, isso não quer dizer que temos de relevar as contribuições dos componentes objetivos, assim, nos lembra o autor, que não basta expor uma problematicidade, ela deve fazer sentido, e os problemas, devem estar explícitos, com sentido, caso contrário não se torna um problema. Assim teríamos uma imensa colaboração da objetividade em relação ao método, fazendo com que este seja uma atividade de estudar e trabalhar essas questões, em suma, fazer com que a problematicidade das questões tenham sentido e sejam fecundas.
Ora, não podemos deixar de lado a historicidade da filosofia, pois precisamos dela para contribuir na construção do conhecimento. A filosofia é vista como um processo de criação de conceitos para resolver as questões fundamentais. O texto apresenta duas concepções filosóficas acentuando suas polaridades, em demasiadamente subjetiva e, demasiadamente objetiva. São contraditórias, pois quem segue a subjetividade não pode concordar que a filosofia seja fruto de um intelecto comprometido, como expõe Russell. Para ele, os filósofos, desde a antiguidade, permitiram que suas opiniões sobre a constituição do universo, influenciassem a construção do conhecimento, de maneira geral. A partir disso, entendemo-nos como sujeitos da construção próprios do conhecimento, permitindo que crenças estabelecidas sejam aceitas ou reformuladas em nossa práxis individual do filosofar.
A questão a ser refletida, trata de refletirmos nossa posição, enquanto cursistas, acerca de como nos dispomos frente à atividade filosófica. Tomando as ideias propostas para consideração, entendemos que, como educadores, devemos abster-nos de expressar predileção por uma ou outra concepção filosófica e atender, assim, ao objetivo de apresentar teorias e dando direito aos educandos de formarem suas próprias concepções, levantarem suas próprias dúvidas e questionamentos com liberdade de pensamento, para concordar ou não, e se permitindo avanças na busca do conhecimento de maneira crítica. O fato de não nos atermos a uma tendência específica, também pode ser compreendido, porque uma, ou mais formas de pensar, ora são válidas ora inválidas na orientação das reflexões, mas são igualmente importantes, porque seus questionamentos peculiares contribuem para que o afastamento pessoal e para uma visão imparcial da problemática apresentada.
A outra reflexão é referente à concordância ou não, do grupo, com vínculos às teorias filosóficas. Sendo a resposta negativa, devemos responder se consideramos que a filosofia deva levar em conta apenas componentes objetivos. A esse questionamento, caberia pensar que, num primeiro momento, o filósofo seja estimulado por elementos subjetivos, por interesses que o movem, como qualquer ser humano, a desafios e realizações. Não fosse assim, o próprio desenvolvimento humano não teria acontecido e continuado à acontecer. Não deve ser fácil a neutralidade, mas creio que aquele que assume a postura de trazer à luz a verdade, tem como exercício constante o compromisso de abster-se de si em prol do bem maior, posto que é reconhecido como o amante do saber e, tendo se dado a esse conceito, espera-se que junto a ele, também esteja vinculado o rigor e a responsabilidade ética que tal empreitada requer.
As teorias existentes devem ser enaltecidas como resultados de um processo intenso da reflexão e, como o próprio conceito revela, de trabalho árduo de revisão de conhecimentos, de ideias, de crenças, concepções que adotamos como verdadeiros ou, ao menos, como respostas coerentes às indagações que julgamos solucionar. Portanto a própria história da filosofia expõe um discurso de concretude do filosofar, que permitiu surgir estruturas de pensamentos. Pensando por este prisma, fica evidente que as teorias existentes são os componentes objetivos da filosofia e permitem ser estudados, refletidos e reavaliados pelo sujeito do pensamento e da ação - o ser humano -, construindo outros objetos que futuramente passarão ou estarão expostos a novos estudos e reelaborações, criando novos conceitos e novas visões, fazendo com que o saber humano seja cada vez mais ampliado. Apesar de todos os motivos que se possam considerar influenciáveis em suas conclusões, estarão sempre à disposição do espírito que, como diz o autor, se predispor com a coragem intelectual para despir-se de suas “verdades” e se aventurar na construção do conhecimento fidedigno.

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